Com a chegada do novo ano, uma questão inevitável surge para proprietários de imóveis e veículos: IPTU e IPVA: pago parcelado, SIM ou Não?
Essa decisão, muitas vezes tomada sem colocar no papel e avaliar todos os fatores envolvidos.
Neste post, vamos explorar qual é a opção mais certeira: pagar à vista ou parcelado?
Já vamos logo adiantando, em geral pagar à vista é melhor.
Mas existem outros pontos a considerar, explicamos tudo aqui!
Desconto no Pagamento à Vista e a Taxa Selic
Ao considerar o pagamento do IPTU e IPVA, muitos olham apenas para o percentual de desconto oferecido no pagamento à vista e o comparam com a taxa Selic, hoje 11,65%.
No entanto, essa análise superficial pode ser enganosa.
É crucial entender que a escolha entre pagar à vista ou parcelar não depende apenas desse fator.
E aqui vamos explicar tudo detalhado, vamos logo para uma simulação.
Análise Prática com Simulação
Vamos supor um IPTU ou IPVA num valor de R$ 1.000,00 reais.
Se a opção de parcelamento em 10 vezes é oferecida ao lado de um desconto de 10% no pagamento à vista, como decidir?
A chave é considerar o retorno real de um investimento equivalente em renda fixa pelo mesmo período.
Não apenas em renda fixa, mas que ele tenha liquidez diária (você precisa sacar a qualquer momento), com pouca volatilidade (não varie muito de valor) e seja seguro.
Ponto Importante [o cálculo]
A conta não é simplesmente colocar R$ 1000,00 reais para render e pronto.
Até porque você vai ter que desembolsar a cada mês uma parcela, nesse caso de R$ 100,00 reais.
Então, no segundo mês, não tem R$ 1000,00 reais, você tem penas R$ 900,00 investidos, porque já pagou R$ 100,00 reais da primeira parcela.
Assim, quanto mais passa o tempo, menos dinheiro você tem investido.
Simulação [os dois cenários]
Vamos pegar nosso caso prático, você pode pegar as condições que está relacionada a seu Estado (IPVA) e seu município (IPTU) para ficar mais fidedigno.
Supondo que ambos são R$ 1000,00 reais e o desconto é de 10% para pagar à vista.
Se fosse uma conta simples, ganhando apenas a taxa Selic, você teria R$ 116,50 reais de rentabilidade bruta, ou seja, sem descontar os impostos.
Nesse cenário, seria melhor investir.
Mas o cálculo não é exatamente esse.
No primeiro mês você terá uma rentabilidade sobre R$ 1000,00; no segundo sobre R$ 900,00; no terceiro sobre R$ 800,00 e assim por diante.
Vamos precisar quanto renderia seu dinheiro por mês.
Com a Selic a 11,65% a.a., isso dá um juro mensal de 0,9226% a.m., colocando numa planilha fica assim:
Nossa simulação mostra que o rendimento é de fato menos de 50% do visto na primeira simulação.
Nesse último cenário, o mais realista, é melhor pagar com o desconto ofertado pelo Estado ou município.
Uma vez que a nossa rentabilidade foi de 5% e o desconto à vista foi de 10%.
Mais ainda tem mais, não é só de rentabilidade bruta que a sua decisão deve ser baseada.
Impostos sobre Investimentos
Outro aspecto frequentemente esquecido são os impostos sobre os rendimentos de investimentos em renda fixa.
Esses impostos podem diminuir significativamente o retorno esperado, alterando a decisão de pagar à vista ou parcelar o IPTU e o IPVA.
O Imposto de Renda regressivo é um ponto a ser considerado e vai diminuir sua rentabilidade bruta que a gente informou acima.
A tabela é essa aqui, que varia de acordo com o momento do resgate e incide apenas sobre a rentabilidade.
Prazo | Imposto de Renda |
---|---|
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
Resumindo, a alíquota mínima que você consegue chegar de IR é de 20% sobre o rendimento.
A queda da Selic
Outro fator que vai impactar a rentabilidade dos valores investidos é a trajetória de queda da Selic.
Estamos em um momento em que a taxa vem constantemente caindo e já temos mais previsões de queda.
Isso quer dizer que contratando um investimento de renda fixa que acompanhe a Selic ou CDI, sendo ele pós-fixado, a rentabilidade vai diminuir ao longo do ano.
Então, o investimento que hoje é 100% do CDI rendendo 11,65% ao ano, lá na frente esse mesmo investimento pode estar rendendo 10,50% ao ano.
Assim, você vai pegar uma taxa equivalente mensal aos 11,65% e depois outra taxa equivalente mensal nos 10,50% e sua rentabilidade total será uma composição dessas rentabilidades ao longo dos meses.
Fatores Pessoais
Além dos cálculos financeiros, fatores pessoais também desempenham um papel.
A disponibilidade de recursos financeiros e preferências pessoais devem ser levadas em conta ao tomar essa decisão.
Como questões políticas estão muito afloradas, tem gente que prefere não pagar a vista para não “dar dinheiro” ao governo de cara.
Outras pessoas, não gostam de levar uma dívida ao longo do ano, porque estar com aquela parcela ali incomoda.
Já tem aquelas que parcela e utilizam o dinheiro para outra finalidade.
Então, cada caso é um caso.
Conclusão
A decisão de pagar IPTU e IPVA à vista ou parcelado não deve ser tomada levianamente.
Uma análise detalhada, considerando descontos, taxas de retorno de investimentos e impostos, é essencial.
Na maioria das vezes e matematicamente falando, pagar com o desconto oferecido pelo Estado ou município é o melhor negócio.
Esperamos que este post tenha esclarecido suas dúvidas e ajudado a tomar a melhor decisão. E você, como planeja pagar seu IPTU e IPVA este ano?
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