Desvantagens do COE (Certificado de Operações Estruturadas)

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desvantagens do certificado de operações estruturadas

Nesse post vamos falar sobre o COE (Certificados de Operações Estruturadas). Embora este tipo de investimento possa parecer atraente à primeira vista, existem várias desvantagens que devem ser colocadas às claras.

Então, se em algum momento você viu um anúncio na internet sobre a rentabilidade segura e astrônomica de um COE  ou seu Gerente colocou esse produto no meio dos seus investimentos recomendados, fique atento.

É importante saber como funciona o COE para identificar suas desvantagens. De antemão já adianto, cuidado!

O que é um COE?

Antes de entrarmos nas desvantagens, vamos entender o que é um COE. Basicamente, ele é um título que combina dois tipos de investimento: renda fixa e variável.

O investidor recebe uma rentabilidade que pode ser pré-fixada ou pós-fixada, mas que depende do desempenho de um ativo subjacente, como uma ação ou índice.

O COE pode ser ofertado com capital protegido, que “protege” o valor investido ou que podem ter perda do valor nominal. Esse último por conta do maior risco, oferecem um prêmio maior.

Na tributação o COE é semelhante a produtos de renda fixa. Assim, sua alíquota é regressiva (22,5% até 15%).

Como a instituição financeira ganha com o COE?

Vamos logo com o pé na porta. Quando você investe no COE o banco te dá possibilidades de retorno que aparentemente parecem ser interessantes. Mas nem tudo é como parece. Vamos supor que estamos falando de um COE com capital protegido, o mais ofertado no mercado.

O que acontece quando o banco recebe o valor que você investiu? Simplesmente ele coloca parte do seu capital (85%) num título prefixado que será resgatado na data do vencimento do COE. Assim, com uma Selic alta fica ainda mais fácil te devolver o seu “capital protegido”.

Já a parte restante, o banco parte para produtos mais arriscados, como opções, por exemplo. Então, se ele consegue ganhar nesse mercado arriscado vai ser muito bom para o banco e você recebe a menor parte disso.

Agora, se ele perde nessas “apostas” você deve receber o valor inicial aportado. Dessa forma, quando o prefixado for resgatado ele te devolve o dinheiro aplicado.

Mas isso não seria bom?

Não. Porque de forma muito simples você pode investir em produtos mais seguros e trazer uma rentabilidade parelha. No COE você não ganha nada e ainda tem seu dinheiro corroído pela inflação.

Além disso, o COE não tem a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Então, você pode perder tudo se o emissor do COE entrar em liquidação judicial.

 

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Quais as desvantagens de um COE?

São muitas as desvantagens, então vamos com calma para que uma não atropele a outra.

1. Liquidez Limitada

O COE é um investimento de longo prazo, com prazo que varia entre dois anos e cinco anos. Isso significa que o investidor não pode resgatar o dinheiro antes desse período, a menos que aceite uma penalidade que pode chegar a 40% do valor investido. Portanto, se você precisar do dinheiro no curto prazo, o COE pode não ser a melhor opção.

2. Rentabilidade Incerta

Como mencionamos antes, a rentabilidade do COE depende do desempenho de um ativo subjacente. Isso significa que a rentabilidade pode ser imprevisível e pode até mesmo resultar em perdas. Além disso, muitos COEs possuem taxas de administração e de corretagem, o que pode reduzir ainda mais a rentabilidade.

Fora os custos que são vistos, como corretagem que algumas corretoras estão até isentando, os custos para estruturar o COE são altos. Então, todo o processo de colocar ele a negociação é alto. Além disso, altas taxas são pagas a assessores para que esses produtos sejam ofertados. Quem paga essa conta? Os investidores.

Em 2020, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) fez um estudo que comprovou a baixa rentabilidade do COE. De 284 produtos analisados, 252 tinha rentabilidade menor do que títulos públicos.

3. Dificuldade de Compreensão e Transparência

Os COEs são produtos complexos e podem ser difíceis de entender. “-É renda fixa, mas tem opções?” Eles podem conter várias camadas de investimento e estruturas de remuneração, o que pode tornar difícil para o investidor entender como a rentabilidade é calculada e como o investimento funciona.

4. Capital Nada Garantido

No COE capital protegido o valor nominal de aplicação é mantido. O grande problema é que num período de 5 anos muita coisa acontece no Brasil, incluindo a famosa inflação.

Se tudo der certo, é possível que tenhamos uma inflação de 5% ano. Isso quer dizer que seu dinheiro perderá mais de 25% do valor aplicado.

5. Custo de Oportunidade

O custo de oportunidade de investir no COE é que você deixa de ter rentabilidade condizente em produtos que são de fato seguros. Para isso, você entrega seu dinheiro que par ao banco confortavelmente fazer investimentos arriscados, sem colocar a pele em risco.

Além disso, a depender de quem está emitindo o COE, é possível perder todo o seu dinheiro, mesmo que seja um COE de capital protegido. Isso porque a instituição pode simplesmente quebrar.

Conclusão

Diante dessas desvantagens, é importante que os investidores pensem duas vezes antes de investir em COEs.

Existem muitas opções de investimento mais simples e transparentes, que podem oferecer uma rentabilidade semelhante ou até mesmo superior.

Por isso, é preciso que os investidores fiquem longe desse tipo de investimento, a menos que tenham um bom entendimento sobre o funcionamento do COE e estejam dispostos a aceitar seus riscos e limitações.

Esperamos que este artigo tenha sido útil e que você tenha uma visão mais clara sobre os COEs. Lembre-se sempre de buscar orientação de um profissional de investimentos antes de tomar qualquer decisão.

Gustavo Dourado

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